SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

segunda-feira, 25 de março de 2013

EDITORIAL DO JORNAL O POVO



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" 25 de março: aquilo que não pode ser esquecido "


Todo marco simbólico torna-se importante quando proporciona espaço para reflexões "


" O dia de hoje marca no Ceará a data da libertação dos escravos, fato acontecido em 1884 na cidade de Redenção, a 55 quilômetros de Fortaleza, na região do Maciço do Baturité. Apesar de, à época, o reflexo dessa decisão não ter gerado efeitos diretos em nossa economia, tendo em vista o número de escravos no Estado não chegar a 3% da população, é inegável o valor histórico desse feito, pois somente em 1888 foi assinada a Lei Áurea no Brasil, acabando definitivamente no País a utilização do sistema escravocrata pelos grandes fazendeiros. É preciso reconhecer ainda que efemérides do tipo servem também para abrir espaços de reflexão sobre o passado e o presente, para que não se repitam erros no futuro.

No caso específico de Redenção, a sociedade cearense por muitos anos esteve em dívida com o feito histórico registrado naquela cidade em prol do Brasil. Fato que aos poucos, todavia, começa a ser resgatado em forma de atos concretos. Nesse sentido, não só o feriado abre essa possibilidade como a recente instalação da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Todo e qualquer marco simbólico torna-se importante quando proporciona espaço para reflexões sobre o que o gerou e os efeitos dele. É preciso, em vista disso, não se perder a oportunidade agora de avaliarmos historicamente as consequências da abolição da escravidão no Brasil, jogando à margem da economia centenas de negros sem a mínima condição de sobrevivência.

Não é desconhecido pela maioria da sociedade brasileira que a libertação dos negros sem um planejamento efetivo de absorção social dessa massa de trabalhadores, tem reflexo até hoje nos níveis de desigualdade vivenciados pelo País. Lembrar a data sem levar em conta essa condição oferecida ao liberto é apenas exaltar o significado de um ato em favor do opressor. A data, assim, deveria ter também essa função de reflexão questionadora sobre em que circunstância ainda vive hoje o negro no Brasil e o que tem sido realizado para minorar esse quadro de diferenças sociais.

Sem isso, poderemos estar apenas vivenciando mais um dia sem trabalho ou um feriado que, na verdade, não proporcionará significado algum."


FONTE: JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2013/03/25/noticiasjornalopiniao,3027988/25-de-marco-aquilo-que-nao-pode-ser-esquecido.shtml

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