SOU DO CEARÁ


"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome , pergunto o que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

Patativa do Assaré

domingo, 4 de outubro de 2015

O MUNDO PRECISA DE MAIS POESIA



Arte urbana. Ruas coloridas pela poesia




" Ação da mostra Múltiplo Leminski, em cartaz na Caixa Cultural, espalha frases do poeta pela cidade em stencils. Além de chamar atenção do público para a exposição, a arte também leva colorido para as ruas" 


 
 
 
FOTO: DIEGO CAMELO
" O artista Leandro Alves usa o espaço urbano como plataforma para 
sua arte. Com stencils, espalha a poesia de Leminski"

" Foi da noite para o dia, conta seu Marcelino Pereira, que frase e cores surgiram na superfície de madeira na calçada. “Sentado não tem sentido”, diz a inscrição acompanhada do rosto de um homem bigodudo que, com seus olhos pequenos, fica a encarar o vendedor de água, cerveja e refrigerante como se lhe desse conselhos para a vida. “Sentado a gente envelhece mais rápido, acho que é isso que quer dizer”, palpita. “É por isso que nem cadeira eu tenho aqui”, abre-se num riso largo o senhor de 62 anos que há dez passa dias inteiros ali.

A cara e a frase estampadas no stencil quase confundido com o chão daquela parte da avenida Historiador Raimundo Girão pertencem ao curitibano Paulo Leminski, cuja obra e vida estão em exposição na Caixa Cultural, perto dali. Seu Marcelino, porém, sempre esteve longe das galerias de arte. “Até vejo o cartaz (publicitário), mas não entendo”, justifica. Ele gosta é quando se depara com frases e desenhos inesperados, no meio da rua, como os que vez ou outra colorem a parede em frente ao seu ponto de venda. “Grafite é muito mais bonito que o pixo. Às vezes aparecem umas frases que a gente vê, reflete, viaja”.


Levada à rua pelos sprays do artista urbano Leandro Alves, 30, a frase de Leminski tem chamado a atenção de quem passa, garante seu Marcelino. Alguém sempre para, fotografa e acaba comprando alguma coisa. “Valorizou meu ponto”, comemora. A ação, um desdobramento da mostra que segue até oito de novembro, quer espalhar por Fortaleza um pouco da poesia do artista que era um entusiasta do grafite bem antes de ser encarado como forma de arte.

Leandro assina os grafites que deixa pela cidade há 15 anos como Filtro de Papel. O projeto, que ele toca com a mulher, Adriana Vieira, e conta com a ajuda até da filha, Lorença, de 8 anos, é uma investigação das possibilidades que o espaço urbano oferece como superfície. Ali, a madeira foi a textura escolhida para receber o stencil. Na própria Caixa Cultural, a parede branca, lisa e limpa da exposição abre espaço para o vermelho do grafite deixado pelo artista. Na Praia de Iracema, o verso de uma placa de sinalização se transforma também em suporte. 


Serviço


Exposição Múltiplo Leminski
Quando: Até 8 de novembro Visitação: de terça-feira a sábado, das 10 às 20 horas e aos domingos, das 10 às 19 horas
Onde: Caixa Cultural (Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema)Gratuito

Assista ao webdoc Poesia em spray em
opovo.com.br/videos


FONTE: JORNAL O POVO
http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2015/10/03/noticiasjornaldom,3514002/arte-urbana-ruas-coloridas-pela-poesia.shtml 

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